ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO SUMARÉ

 (Primeira parte)

 A Escola Municipal “Dr. Leandro Franceschini” está comemorando 60 anos de existência neste ano de 2021. A data servirá de suporte para as solenidades programadas pela Associação Pró-Memória de Sumaré, no Dia da Memória e no seu Fórum de História. Oficialmente, a Escola surgiu através de uma Lei Municipal, de iniciativa do então vereador João Rubens Gigo e promulgada pelo Prefeito Leandro Franceschini.  Na lei, a Escola chamava-se Colégio Comercial de Sumaré. Pouca gente sabe, no entanto, que antes da existência oficial, já existia uma pequena unidade de ensino funcionando informalmente na cidade, denominada “ESCOLA TÉCNICA DE COMÉRCIO DE SUMARÉ”, por iniciativa de quatro jovens: Orlando Fabbri, Paulo Ghirardello, Wilson Antônio Fávero e Antônio Basso Sobrinho (Bassinho). Os quatro eram jovens recém-formados em Contabilidade, em escolas de Americana e Campinas. Orlando acabaria por se tornar um Administrador de Empresas; Paulo foi Chefe do Setor de Compras da Prefeitura Municipal; Wilson acabaria como Gerente do Bradesco e Bassinho Gerente do Banco Itaú.

A pedido da Associação Pró-Memória Orlando redigiu o texto abaixo, contando detalhes do sonho desses jovens, que acabaria se tornando realidade.

 

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Era o decênio de 1954-1964. Eu, Orlando Fabbri, mais Wilson Antônio Fávero e Antônio Basso Sobrinho, o “Bassinho”, havíamos completado o Curso Técnico de Contabilidade na Escola Técnica de Comércio Dom Pedro II, de Armínio Chinelatto, em Americana. Já o Paulo Ghirardello havia feito o mesmo curso na Escola de Comércio Dom Pedro II, de Carlos Lencastre, em Campinas.

Hoje eu não saberia dizer com precisão o pensamento que nós jovens nutríamos, se era de solidariedade ou alguma motivação política do socialismo, que era incutido em nossas mentes já naquela época. Acreditávamos que poderíamos melhorar o mundo, melhorar as condições de vida das pessoas, da cidade e do país.

Com esse pensamento surgiram ideias de montar uma escola de formação técnica em contabilidade, que era uma profissão em ascensão. Escola essa que funcionasse no período noturno. Que visava atender os nossos amigos que não podiam arcar com todos os custos e as dificuldades e perigos nas viagens de trem, já que os alunos estavam na faixa de 12 a 18 anos, para Campinas ou Americana, para estudar.

A ideia era a de criar uma escola que funcionasse nos moldes dos clubes sociais – Clube Recreativo Sumaré ou Esporte Clube Rio Branco de Americana. Isto é, deveria haver os associados contribuintes que seriam os mantenedores. Pelo menos achávamos que poderia funcionar.  Se funcionava nas atividades sociais e recreativas, poderia funcionar com escola e hospital.

Além da escola poderíamos também trabalhar na criação de um hospital, nos moldes das Santas Casas de Misericórdia, já bastante difundidas. Puro idealismo e um forte sentimento de solidariedade.

Assim, Paulo, Orlando, Wilson e Bassinho encontraram apoio na sociedade para criar uma escola técnica. E lançaram-se a campo, alimentando assim aquela esperança de poderiam contribuir para a melhoria da cidade e dos amigos que viviam ao redor. Nessa época a cidade já dava sinais de crescimento, com a chegada de empresas na região, como a 3M e a Bosch. Percebia-se que os melhores empregos eram conquistados por pessoas vindas de fora, porque os daqui não estavam preparados para disputá-los.

 

DIFICULDADES DOS ESTUDANTES DE SUMARÉ

Conversavam das dificuldades dos jovens sumareenses, para estudarem fora de Sumaré. Viajar no trem das 18:30 horas para Americana ou 18:00 horas para Campinas. Os horários não combinavam muito bem com os horários das escolas. Os que iam para a cidade de Americana tinham que dormir nas casas de amigos, para retornarem a Sumaré, no primeiro trem da manhã seguinte.  Já os que iam para Campinas voltavam como o trem de prefixo N-1 que partir às 23:30 horas. Quando perdiam o trem, pegavam a composição de prefixo N-3, que partia às 23:40 horas, que não parava em Sumaré, e somente em Nova Odessa, sujeitando-os a obterem uma carona ou virem a pé, à noite, se o tempo estivesse bom.

Dessas conversas veio a ideia de criar uma escola técnica de comércio em Sumaré, que funcionasse no período noturno tomou corpo, já que todos os jovens trabalhavam durante o dia.

 

(Continua na próxima edição)

Autor do texto: Orlando Fabbri

Aposentado, sócio e colaborador da Associação Pró-Memória.

 

Publicado pelo Jornal Tribuna Liberal de 24/10/2021