AUTOR: FRANCISCO ANTONIO DE TOLEDO

 Tirar do baú coisas novas e velhas é fazer a ligação entre o novo e o velho. O novo sentido para as coisas que aparecem todo dia só se encontra no passado. O passado não determina o presente, mas é lá que reside o substrato da História. Sem o passado não existe o presente e sem este não se constrói o futuro. Cabe à Igreja anunciar a mensagem nova lenda o passado e os sinais do tempo presente na perspectiva do futuro.

Registrar por escrito o que aconteceu nesses 100 anos da Paróquia de Sant´Ana é tarefa da maior relevância para os paroquianos, para o cidadão sumareense e para toda a Igreja. É missão do historiador trazer à memória o que o tempo teima em esquecer, para que se reconheçam os erros do passado, se valorizem os acertos e se construa um futuro melhor.

É tarefa quase impossível escrever a história das cidades brasileiras sem falar das suas igrejas. Algumas cidades nasceram mesmo a partir de uma capela, como é o caso de Aparecida do Norte, ou de uma missão religiosa, como é o caso de São Paulo. Outras vilas coloniais, cuja origem está ligada à pecuária, à mineração, à defesa, aos entroncamentos de caminhos ou rotas comerciais, também têm sua história marcada pela presença da Igreja. Ricas e espaçosas como as do barroco mineiro do século XVIII, simples e despidas como as do litoral no século XVI, as igrejas compõem a paisagem obrigatória da vila colonial: câmara, cadeia e igreja.

Desde a Colônia até hoje, a presença da Igreja Católica não foi simples peça decorativa na paisagem urbana e rural brasileira, e também não passou despercebida na vida social e política do Brasil desde a Colônia até hoje. Em Sumaré, o primeiro núcleo urbano teve como centro a Estação Ferroviária, a Capela e o Largo da Matriz; teve como padroeira da cidade o nome de uma santa, cuja festa litúrgica marca oficialmente o aniversário do município, e teve como primeiro Prefeito um sacerdote.

O livro não pretende ser obra definitiva nem completa, mas foi elaborado com seriedade e fidelidade às fontes documentais escritas, orais e iconográficas. A preocupação foi o rigor documental, haurido em especial do Livro Tombo da Paróquia, dos Livros de Atas do CPP e do EACP. Minha proposta é que o leitor se sinta participante e construtor dessa história.

Nessa longa caminhada de cem anos, cheia de altos e baixos, a missão da Igreja foi cumprida. Como seu fundador Jesus, ela às vezes foi pedra de escândalo, foi sinal de contradição. Mas, serenadas as turbulências sazonais, foi também o farol que iluminou a treva, a luz que mostrou o caminho.

Neste início do segundo milênio do nascimento de Jesus, a Paróquia celebra seu jubileu agradecida ao Senhor pelas maravilhas que Ele operou entre nós, e se renova na alegre esperança da construção do Reino.

Agradecimentos à Secretaria Paroquial, à Associação Pró-Memória de Sumaré, à Maria Teresa pelos momentos que lhe roubei de atenção, e aos amigos Leandro e Andressa da Editora Seta Regional pela preciosa colaboração presenteando a Paróquia com a diagramação deste livro.

 

Sumaré, outubro de 2014.

Francisco Antonio de Toledo