
AUTOR: FRANCISCO ANTONIO DE TOLEDO
A história é uma teia em que os fios se cruzam e se entrecruzam. Perecem fios sem começo nem fim, que se amarram e se rompem, que se completam e se sustentam. Como os tenros fios da teia de aranha, os fatos formam a trama da História.
Olhando o grande e intricado tecido da História, o cidadão pergunta: como isso começou? Quando? Onde? Quem? Por quê? Onde vai chegar?
Responder a essas e a outras questões é o ofício do historiador. Não que ele consiga dar resposta a todas as perguntas, nem seria possível, mas ele se propõe a ajudar. Ele procura iluminar, comprar, realçar esse ou aquele fato, puxar esse ou aquele fio, mostrar onde houve rupturas ou esgarçamentos. O historiador é aquele que examina o direito e o avesso, a urdidura mais fina e a mais grossa, a face bonita e a feia da trama, a largura e o comprimento da peça.
Cabe ao historiador desconstruir para, com novo olhar, reconstruir os fatos. Trata-se de ver de novo, de outro jeito, sem perder a objetividade.
É impossível mudar a História de Sumaré. Porém, é possível mudar a maneira de lhe ver o passador. Cada um que lança o olhar sobre ele, deita um olhar diferente, sob um ângulo diferente. É como uma fotografia: depende mais do olhar do fotógrafo do que da cena.
No limitado espaço de um livro, não é possível juntar toda a História de Sumaré. Nem é o que importa. O objetivo é iluminar alguns fatos, puxar alguns fios, mostra-lhes a trama e deixar que o leitor inteligente veja com seus próprios olhos e tire suas próprias conclusões.
Cidadão consciente é aquele que constrói a História a partir da leitura crítica do passado. Há dois milênios ensinava Cícero: “A História é a mestra da vida”. É oportuno não perder de vista tanta sabedoria escondida em palavras tão poucas.